Jeanie Marie Buss é uma executiva esportiva americana. Ela é presidente e co-proprietário de uma das franquias da NBA mais valiosas e conhecidas do mundo, o Los Angeles Lakers. Jeanie assumiu a presidência quando seu pai, Jerry Buss, faleceu em 2013. É coproprietária do clube e representa o time no Conselho de Governadores da NBA.
Jeanie já estava encaminhada para assumir o caminho do pai. Em 1979, ele adquiriu o Los Angeles Lakers, o times de hóquei Los Angeles King e a arena The Forum, em que ela foi nomeada presidente. Em 1995, seu pai tornou-se Governador Suplente no Conselho de Governadores do NBA e, quatro anos depois, aos 38 anos Jeanie foi promovida a vice-presidente executiva de operações de negócios do Lakers.
O papel de Buss supervisionando os Lakers a torna uma das mulheres mais poderosas do esporte e ela é frequentemente reconhecida como tal na mídia. O LA Times a chamou não apenas de a mulher mais poderosa do esporte, mas uma das pessoas mais poderosas do esporte. Em 2018, ela ficou em oitavo lugar na lista das mulheres mais poderosas do esporte da Forbes.
Ainda é raro encontrar mulheres nas estruturas de poder do esporte. Além de ser exceção, Jeanie é um modelo a ser seguido. Mesmo estando numa posição de prestígio, foi Kobe Bryant que ajudou ela a reconhecer sua importância. Após a morte do jogador, ela relembrou da ocasião em que conheceu a filha dele: "Kobe me explicou que queria mostrar a ela que as mulheres podem ser líderes na NBA, assim como os homens. No início, parecia uma ação de um pai dedicado dando um exemplo para sua filha. Mas na realidade - e estou absolutamente certo de que você sabia exatamente o que estava fazendo - o que você fez foi me dar a inspiração e a força que eu procurava."
Jill Ellis é técnica e ex-jogadora de futebol. Ela assumiu o comando do time feminino dos EUA em maio de 2014, e foi a única a atingir o marco de conquistar as duas últimas Copas do Mundo - 2015, no Canadá, e 2019, na França. Ao todo, ela treinou a equipe em 127 partidas, com 102 vitórias, 18 empates e apenas sete derrotas.
A trabalho de Ellis é digno de admiração. Em sua trajetória, foi eleita duas vezes a melhor técnica do mundo pela Fifa (2015 e 2019), e deixou a seleção norte-americana com recordes a serem batidos. Ellis assumiu o posto de técnica com mais vitórias na história da seleção, deixando para trás Tony DiCicco - ex jogador, treinador e comentarista norte-americano.
E é claro que todo esse legado não passou despercebido. Após a conquista histórica na Copa do Mundo em 2019, o quadro de diretores do futebol americano votou para estabelecer o Programa de Bolsas Jill Ellis, uma forma de demonstrar apoio, homenagem e celebração ao seu legado extraordinário. Todos os anos, o Programa de Bolsas Jill Ellis fornecerá 50% da mensalidade (incluindo reuniões presenciais, acomodações, refeições e materiais) para as mulheres que se candidatarem.
Alinhado à paixão de Ellis pela mentoria, o departamento de Educação de Treinadores de Futebol dos EUA desenvolveu um programa - SheChampions Mentorship Program - para treinadoras, encorajando mais mulheres a estarem no comando dentro e fora das quatro linhas. O programa é uma oportunidade para que cada candidata tenha sua licença profissional. A lista de mentores participantes do programa conta com grandes nomes do futebol norte-americano: Jill Ellis, a treinadora principal Sub-20 do USWNT, Laura Harvey, a treinadora universitária de longa data Lesle Gallimore, Lauren Gregg, uma treinadora assistente nos campeões da Copa do Mundo Feminina de 1991 e 1999 e o lendário treinador principal da UNC, Anson Dorrance.
“Todos os anos perguntamos, 'por que não temos mais mulheres no coaching? Por que as porcentagens são tão desproporcionais?’ Queremos parar de pedir e nos comprometer a mudar a proporção e aumentar significativamente esses números. Com o incrível grupo de pessoas que envolvemos em ambos os programas, sei que causaremos um impacto positivo significativo em muitas jovens treinadoras”, disse Ellis.
A sueca de 60 anos completou um ano à frente da seleção feminina da Suécia. Pia Sundhage é a primeira estrangeira a ocupar o cargo e já vem colhendo bons resultados. Durante esse tempo, sua passagem tem mais de 66% de aproveitamento, com seis vitórias em 11 jogos. Todo o prestígio é fruto da sua experiência e um currículo vitorioso. Afinal, não é qualquer um que consegue ter três medalhas olímpicas, sendo duas de ouro - foi campeã olímpica em 2008 e 2012, com os EUA, e conquistou a medalha de prata em 2016, com a Suécia.
As conquistas também estão fora do campo. Pia foi eleita a "Mulher Sueca do Ano de 2020" pela SWEA Internacional (Associação de Mulheres Suecas para Educação). A treinadora de 60 anos destacou-se por contribuir com habilidades e técnicas suecas no futebol feminino brasileiro, garantindo que cada jogadora saiba seu devido lugar individual e se desenvolva com o time coletivamente.
A presidente da SWEA, Suzanne Southard, diz que Pia "colocou a Suécia no mapa mundial, deu cara ao futebol feminino e uma grande contribuição ao crescente interesse no esporte. Pia tem uma habilidade verdadeira para inspirar pessoas, construir espírito de equipe e desenvolver um time como um grupo".
Embora ainda não tenha disputado nenhum torneio de peso, o entrosamento com as jogadoras brasileiras já é digno de vitória, com muito respeito, é claro. Recentemente, ela fez sucesso nas redes sociais ao publicar um vídeo em que aparece cantando e tocando a música "Anunciação", de Alceu Valença. A escolha da música não foi à toa: ela representa a realização de um sonho às mulheres no futebol.
"Essa música se tornou algo maior que só uma música. Se tornou algo que nós desejamos, algo que está acontecendo agora mesmo e eu posso realmente sentir isso. Estão nos vendo! Nesse País, nós temos meninas e mulheres jogando e envolvidas no futebol, e não é só, elas também têm voz. 'Tu vens' mostra que os sonhos se tornam realidade', explicou Pia.
Enquanto a discussão sobre igualdade de gênero segue em pauta, treinadores homens dominam as equipes esportivas. No Campeonato Brasileiro Feminino 2020, por exemplo, dos 16 times que estão na disputa, apenas dois possuem treinadoras mulheres: Patricia Gusmão é treinadora do Grêmio e Tatiele Silveira comanda o Ferroviário. Aliás, em 2019, Tatiele foi a primeira técnica mulher campeã do Brasileirão. Desde que o campeonato mudou de formato, em 2013, apenas homens tinham conquistado o título.
Atualmente, já temos alguns motivos para comemorar: a seleção brasileira feminina está totalmente nas mãos das mulheres. Aline Pellegrino é Coordenadora de Competições Femininas da CBF e, em setembro deste ano, Duda Luizelli assumiu a Coordenação de Seleções Femininas. Aliás, o cenário segue esperançoso, este ano a CBF Academy criou o programa Mulheres no Jogo, visando aumentar a presença feminina na instituição educacional.
Esses exemplos mostram que sim, é possível conquistar espaço, mudar as estruturas do esporte e incluir a presença de mais mulheres nos cargos de liderança. Pequenos passos contribuem para construir um caminho com mais inclusão, diversidade e igualdade.