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Burnout: se você não para, a vida para você
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Burnout: se você não para, a vida para você

O esgotamento profissional não é brincadeira. Classificada pela Organização Mundial de Saúde como uma doença, o burnout é uma síndrome que resulta de um estresse crônico no ambiente. Não é para menos, afinal, o Brasil é o segundo país com maior índice de estresse relacionado ao trabalho no mundo. Enquanto aproveitamos o mês para falar sobre saúde mental e emocional, também é necessário discutir o impacto do trabalho nessa questão. Precisamos falar sobre a Síndrome de Burnout.

Ju Ferraz e a nova vida pós Burnout 

Oi setembro. Precisamos falar sobre esgotamento físico durante a sua estadia. Setembro amarelo, mês de conscientização sobre saúde mental, suicídio e os impactos da depressão é um alerta para todos nós que vivemos nessa velocidade insana chamada rotina. Whatsapp, telefonemas, e-mails, metas, cobranças, resultados. Vivemos atrás de entregar o que precisamos e acabamos esquecendo da nossa saúde mental, nosso bem mais precioso.

Saúde mental não é mimimi. Já ouviram aquela história que se você não para, a vida para você?! Aconteceu comigo. Há exatos dois anos fui diagnosticada (pela segunda vez) com burnout,  um curto circuito no corpo e na mente cada vez mais recorrente no mundo corporativo. Os sintomas: esgotamento mental, dores no corpo, exaustão, choro, instabilidade emocional, raciocínio comprometido e por aí vai. 

Tinha me tornado uma pessoa pesada (fisicamente e emocionalmente), minha vida estava fora de controle, eu queria resolver tudo e não estava dando conta de nada. Tive que recomeçar e costumo dizer que o Burnout me salvou. Me encontrei. Diminui a velocidade do meu dia a dia frenético e percebi que chegava a hora de viver de outra forma. 

Aprendi a aproveitar os simples momentos. Querem exemplo? Buscar meu filho na escola. A felicidade dele ao me ver foi tão grande que nenhuma reunião importante faria eu me sentir tão viva e feliz. Passei a valorizar minha saúde mental, comecei a praticar exercícios, tomar sol e curtir a natureza, ler mais livros e meditar. Fiz uma série de exclusões e escolhas que faziam parte da minha vida, inclusive as amizades e relacionamentos tóxicos que não me faziam bem para poder me transformar. Passei a me valorizar e principalmente, respeitar meu tempo. 

A vida pós burnout me ensinou que é preciso ter coragem para escolher que caminho seguir. É preciso respeitar o corpo e ouvi-lo quando precisar de ajuda. É preciso coragem para ser feliz. E felicidade nesse caso é absorver a lição do divino, respeitar, mudar a direção da vida e por ela no lugar, com humildade e transparência. Encerro com um pedido: Fiquem atentos à saúde e aos sinais que o cérebro e o corpo dão. O mental e o físico precisam caminhar juntos para estarmos bem. 

Entendendo os impactos do burnout

O trabalho pode ser o nosso meio para conquistar muitas coisas, seja trabalhar com propósito, ter satisfação profissional, ascender e tornar-se referência e, é claro, atingir metas e objetivos profissionais. Essa relação profissional é, acima de tudo, uma relação - que pode ser saudável ou não, dependendo de como é o nosso ambiente de trabalho. Receber o salário no começo do mês é satisfatório, mas a que custo? 

Segundo a psicóloga Ana Maria Massi, presidente no Brasil da International Stress Management Association (Isma), existe um desajuste maior entre o tempo em que as pessoas dedicam ao trabalho e o tempo em que dedicam a si mesmas e às famílias. O excesso no trabalho reflete nosso momento atual: o WhatsApp que mistura vida profissional e pessoal, o medo de impor limites e dizer não e, é claro, o medo de perder o emprego durante a crise que estamos vivendo. 

O acesso à inúmeras informações somado à alta hiperconectividade e exposição nas redes sociais reflete quem são os mais atingidos pelo burnout. De acordo com um estudo feito pelo Yellowbrick, cerca de 95% dos millennials - nascidos entre 1981 e 1995 - sofrem de burnout e 75% estão mentalmente exaustos. Aliás, metade dos jovens já trocou de emprego por questões de saúde mental. Segundo pesquisa da Mind Share Partners, Qualtrics and SAP, 50% dos “millennials” e 75% da geração Z - nascidos entre 1996 e 2010 -  já deixaram empregos por questões psicológicas, como depressão e burnout.

Enquanto esta é a geração que mais fala abertamente sobre saúde mental, esses jovens ainda sofrem os resquícios de lidar com empresas que não respeitam ou sequer compreendem a importância de cuidar do estado emocional dos seus funcionários. Um nítido reflexo do quanto ainda precisamos trazer à tona o debate das nossas condições de trabalho.

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