Diante da pandemia de Covid-19 e das instruções de isolamento social, o home office passou a ser uma medida necessária. As empresas que puderam adaptar os seus modelos de trabalho para dentro de casa, assim o fizeram e quem estava acostumado a encontrar os colegas todas as manhãs, provavelmente encontrou alguma dificuldade em se adaptar com a nova rotina.
O trabalho remoto tem as suas vantagens - escapar do trânsito, poder trabalhar com roupas mais confortáveis e, dependendo da função, uma maior flexibilidade do horário -, mas a mudança de rotina também pode implicar consequências negativas, como o aumento do estresse e da ansiedade. E é nessas horas que a gente percebe que um almoço com os colegas ou aquela troca de ideias sobre um problema faz uma falta tremenda.
Algumas integrantes da nossa equipe moram fora de São Paulo e por isso já estão habituadas ao home office, mas a grande maioria nunca tinha experimentado um período tão longo de trabalho remoto. Reunimos os relatos de 8 pessoas da nossa equipe, confira abaixo:
Essa é a primeira vez que faço um home office tão longo e hoje consegui ver que estou bem melhor do que achei que estaria. No início, fiquei preocupada se realmente daria conta, se não ficaria perdida estando em dois "ambientes" ao mesmo tempo, trabalho e casa. Eu tento o máximo realizar todas as minhas atividades dentro da minha carga horária, mas claro que se surgir uma demanda de última hora, lá estou eu. Minha família já entendeu o processo e eles estão sendo uma boa ajuda nessa situação toda: eles entendem que estou no meu horário de trabalho, então conversas paralelas e atividades domésticas sempre ficam para depois de desligar o computador. A minha única cobrança é em relação a me arrumar, estou criando o costume de me vestir como se fosse para o escritório ou somente tirar o pijama, faço um esforço maior e passo uma base, faço um delineado, isso está me ajudando muito.
Claudiana Ribeiro
Para ser bem sincera, eu ainda estou tendo dificuldades em estabelecer intervalos. Além do PUSH, eu estou fazendo a minha segunda graduação e as minhas aulas estão sendo por transmissão de vídeo - o que é ótimo, já que o semestre não foi interrompido. Além disso, sempre tenho algum trabalho de lá pra entregar, então acabo emendando tudo e passando muito tempo em frente ao computador sem levantar. Também sinto falta do convívio diário com as colegas de trabalho, mas sou grata por termos tantos meios de comunicação que possibilitam o contato virtual. Tá todo mundo passando por um momento complicado, então é importante e ajuda conversar com as pessoas sempre que for possível.
Suzanna Piacente
Eu sinto muita falta da rotina do escritório e de ter contato com as pessoas que trabalham comigo, então para suprir essa falta de comunicação pessoal, todos dias eu faço uma chamada de vídeo para conversar sobre o que eu vou fazer no dia e o que eu preciso que seja feito na parte do design. Além de aproximar, o dia fica mais leve depois de conversar com o pessoal.
Isabella Aredes
Eu sempre gostei de fazer home office, pois me dou muito bem com essa questão, já que sempre consegui me organizar com a vida de escritório e só uma vez por semana em casa, quando tínhamos home office toda sexta-feira. Com essa quarentena e esse período muito longo em casa, é preciso ter muito mais disciplina, foco e organização para que tudo aconteça no timing certo, pois tudo que você faz interfere na empresa como um todo e tudo tem que estar alinhado.
Eu sou uma pessoa muito ansiosa e não consigo ficar sempre no mesmo lugar, preciso sair, ver gente, me comunicar, então tive que adaptar a minha rotina aqui dentro de casa mesmo, para conseguir sobreviver a tudo isso por tanto tempo.
A primeira coisa é: eu sempre saio da cama, tento fazer minha rotina da manhã normal, outra coisa que eu fiz foi ter meu cantinho, como se fosse meu escritório. Sempre saio do computador na hora do almoço para comer almoçar, relaxar, conversar com a minha família e espairecer um pouco, e por último, faço os meus exercícios físicos, treino, suo, coloco minha energia para fora, pois isso sempre foi uma coisa muito presente na minha rotina e que faz muita diferença para minha cabeça e para meu dia a dia.
Stefanie Penna
O que tem me ajudado com a ansiedade foi, justamente, o ato de mudar e me adaptar a essas transformações. Eu criei novos hábitos na minha rotina, a prática diária da leitura, rituais de cuidados com o corpo e mente, alongamento, práticas de respiração e momentos dedicados para mim mesma, que são capazes de transformar completamente os meus dias. Se eu puder dar uma dica: foque naquilo que te faz bem e, por um momento, esqueça todo o resto. Organize suas tarefas, seu dia e, aos poucos, você perceberá que renascerá uma nova versão de você mesma.
Mayara Nunes
Eu sou uma pessoa que gosta e precisa da troca e convivência com outras pessoas. Estar no ambiente de trabalho com minhas amigas e colegas de profissão sempre foi uma parte essencial da minha produtividade, por isso, no começo de toda essa história de quarentena e home office, eu sofri um pouco e penei pra recuperar o ritmo de trabalho. Mas agora, com quase dois meses de isolamento, me acostumei e descobri meios de ainda manter essas trocas e essas conversas que tanto significam pra mim e para o meu trabalho. É importante termos em mente que isso é algo provisório e que tudo bem não estarmos bem, é uma situação nova e desafiadora e não estamos sozinhos, mesmo estando fisicamente isolados.
Giulia Coronato
A Jo trabalha remotamente há quase um ano, já que ela mora em Porto Alegre e o nosso escritório fica em São Paulo. Com toda essa experiência, ela separou algumas dicas do que tem funcionado para ela:
Desde que comecei home office (vai fazer quase 1 ano já!), meu foco sempre foi: presença, organização de demandas e descanso. Presença porque você precisa entregar: a equipe conta com você e não consegue saber se você realizou as tarefas/está com tudo em dia sem se fazer presente em todos os canais. Para mim, estar presente, seja por mensagem ou pedindo uma call quando o problema é maior, sempre ajudou. Hoje, posso dizer com tranquilidade que a minha equipe sabe que pode contar comigo sempre, independente da minha presença física.
Organização de demandas é outro ponto importante, porque preciso garantir para a minha equipe que vou dar conta de tudo. Antes de fazer qualquer coisa, eu começo e termino meus dias organizando as minhas tarefas (faço em agenda física mesmo, tipo em listinha de to-dos) para ter noção do que completei e do que ficou faltando. Assim fica mais fácil de se organizar e tocar o dia a dia. Às vezes a gente surta pensando "tenho muita coisa pra fazer", mas quando coloca no papel, percebe que não é um monstro de 7 cabeças.
Por último, descanso, porque preciso saber a hora de desligar. Estamos todos em casa e quando a casa também é o escritório e o notebook também é o lugar de trabalho e de descanso (ver séries, etc), fica difícil de achar o limite, caso um email chegue enquanto você já desconectou. Tem que fazer o exercício de entender o que é prioridade - exemplo: se esse e-mail que chegou pode ficar pra amanhã, ou se realmente é urgente. Se ficou com alguma dúvida ou se responde para alguém, vale conferir com a sua coordenadora/gestora para poder ficar em paz. Descansar é essencial: se já era quando você desligava tudo e saía do escritório, é ainda mais agora que você está sempre no mesmo lugar. É impossível manter uma rotina de trabalho de quase 20 horas por dia sem chegar em um momento de exaustão. Temos que descansar, desligar, ter lazer, estudar, enfim, fazer o que tem que ser feito além do trabalho - até porque isso volta pra gente na vida profissional (como cultura naquilo que lemos e assistimos, curiosidades e pontos criativos).
Terão dias ruins, dias em que a produtividade sumiu, a criatividade não existe, a fome não parou e o sono tá impossível de driblar. Tudo bem abraçar alguns desses dias e ir em um ritmo mais devagar, todo mundo tá vivendo em um momento estranho. Mas também é importante buscar produtividade, a rotina de acordar e trabalhar assim como a que ocorre quando você estava na “vida normal”. E outra: trabalhar em equipe também existe como uma força para nos mover pra frente. Se tudo estiver muito difícil e devagar, vale conversar com alguma colega, trocar uma ideia e expressar como está se sentindo. Provavelmente você não é a única, porque está sendo um desafio pra todo mundo. Comunicar ajuda a ventilar e ter alguém pra conversar é fundamental.
Joana Sonderman
A Jé entrou para o time durante a quarentena e, além dos desafios que estamos enfrentando em adaptar a rotina, ela ainda não conheceu a equipe pessoalmente:
Trabalhar de Home Office é sempre desafiador, sinto muita falta de uma troca no dia a dia, ainda mais que não consegui conhecer ninguém pessoalmente. Ao mesmo tempo que tenho que conhecer todo mundo, tenho que aprender o trabalho e me adaptar a estar em casa. No começo foi muita coisa, ficava ansiosa e tinha medo de ser mal interpretada por escrito, afinal, nunca me ouviram nem falar, né?
Mas hoje aprendi a me concentrar, usar as chamadas de vídeo e todos os meios de comunicação ao meu favor e estou me sentindo bem com o ritmo que estou criando. Mudo de local de trabalho todo dia, cada dia um canto, às vezes até mesma na minha cama, e isso me ajuda bastante a não me sentir presa e desestimulada.
Gosto de acordar, tomar o café e não ter que pegar trânsito todo dia, mas sinto uma falta enorme do contato. Saber que tudo isso vai passar é sempre o porto seguro.
Jéssica Menasce
Estamos todas tentando nos adaptar às mudanças desse período e torcendo para que tudo volte ao normal, mas reconhecemos que essa situação é necessária para o momento. Se você também está trabalhando de casa, comente abaixo o que tem feito para lidar com a nova rotina.
Foto: Justin Chung