Um papo sobre liderança feminina com Márcia Costa
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Um papo sobre liderança feminina com Márcia Costa

A vice-presidente de Gente&Gestão na C&A Brasil, Márcia Costa, conversou com a gente sobre a sua trajetória na empresa e, também, as lições inspiradoras sobre a liderança feminina. Confira abaixo as dicas de sucesso dessa girlboss!

 

1. Como foi a sua trajetória dentro da C&A? Você entrou fazendo o que realmente queria?

Desde 2012 estou à frente da vice-presidência de Gente & Gestão da C&A Brasil, respondendo pelas áreas de Recursos Humanos, Sustentabilidade e Comunicação Corporativa.  A minha paixão pelas pessoas e pela área de RH está presente no meu dia a dia desde o início da minha trajetória profissional. Há mais de 25 anos atuo nesta área em multinacionais de diferentes segmentos, como indústria química, bens de consumo, varejo e no mercado financeiro.

 

2. Qual a sua rotina na empresa?

A área de Recursos Humanos exerce um papel estratégico e contribui ativamente para potencializar os resultados da companhia e as transformações na empresa. Diante disso, a minha rotina costuma ser dividida entre desenvolver projetos em prol do desenvolvimento profissional e bem-estar dos nossos mais de 15 mil colaboradores em todo o país e garantir que essas iniciativas e planos estejam alinhados aos objetivos e estratégia da companhia.

 

3. Qual a melhor e pior parte do seu trabalho?

O relacionamento com as pessoas é a melhor parte do meu trabalho. Contribuir para o desenvolvimento e crescimento profissional de cada colaborador é muito gratificante. Valorizo os momentos de troca que tenho com o meu time, pois é desta forma que retribuo para cada um deles e, consequentemente, para a sociedade os meus aprendizados e conquistas, isso me retroalimenta. A rotina de um líder também é cheia de desafios e, muitas vezes, nesta função sinto o peso de tomar posições que às vezes parecem estarem na contramão naquele momento, mas que na verdade, vão nos levar a outro patamar no futuro. Este é um momento bem solitário e difícil.

 

4. Quão importante você considera termos mais mulheres em cargos de liderança?

Acredito que a presença de mulheres em cargos de liderança é fundamental para companhias, já houve uma evolução ao longo dos últimos anos, porém, nós mulheres, temos ainda um longo caminho pela frente. Na C&A, o empoderamento feminino e a valorização da diversidade fazem parte dos nossos valores e estão no nosso DNA. Hoje, 70% dos nossos colaboradores são mulheres, sendo que mais da metade estão em cargos de gerência e cerca de 20% da alta liderança da empresa é feminina. A nível global, cerca de 80% dos associados da C&A também são mulheres e, aproximadamente, a mesma porcentagem se aplica aos trabalhadores em nossa rede de fornecimento e clientes.

 

5. Quais as principais características que um líder precisa ter?

Acredito que um bom líder deve retribuir para a sociedade e times os seus aprendizados e conquistas. Para isso, ele deve estar atento as necessidades, bem-estar e desenvolvimento profissional da sua equipe, mantendo um canal aberto para o diálogo e troca. Para mim, trata-se de um fluxo da vida e, por onde eu passei, sempre busquei formar sucessores e tenho um imenso orgulho daqueles que estão construindo carreiras prósperas em diversas empresas. 

 

6. O que você aprende diariamente liderando e trabalhando diretamente com pessoas?

Liderar pessoas é muito gratificante e enriquecedor. Aprendo diariamente com cada colaborador a partir da imensa troca de conhecimentos, experiência e vivências. E este aprendizado vai além dos conhecimentos técnicos, pois a diversidade de pessoas enriquece e estimula o dia a dia das lideranças e das empresas.

 

7. Você sente que sua relação com as pessoas mudou depois de começar a trabalhar com RH? Acha que continua evoluindo?

Com certeza, ao longo da minha carreira vivenciei diversas experiências enriquecedoras e aprendi muito. Além disso, a minha vida pessoal sempre me exigiu ser flexível e me reinventar, perceber os diversos aspectos culturais e ser capaz de me conectar com eles para transformá-los. Como, por exemplo, quando vim de Recife para São Paulo e da minha vivência em Nova York, onde eu estudei com pessoas de várias nacionalidades e culturas, além de desenvolver empatia e relações interpessoais diversas. Tudo isso contribuiu para que eu desenvolvesse, ainda mais, a minha capacidade de fazer leituras da dinâmica do Humano e atuar sobre ela positivamente. Acredito que esses são os meus maiores atributos e vantagens, mas para continuar evoluindo estou sempre me reciclando.

 

8. Como você diria que contribui com o crescimento dos seus funcionários?

O profissional de recursos humanos geralmente almeja construir um legado profissional. Quando penso na minha carreira, acredito que trouxe, para o meu time, meus pares e lideranças importantes insights sobre gestão de pessoas e a ideia de que os objetivos e as atribuições da área de RH nas empresas brasileiras são muito maiores do que se imagina.

Nós, como líderes de RH devemos ter clareza do nosso papel, a fim deixar este importante legado para a empresa em que estamos e para o país. Para a construção de um legado, é importante o líder contar com os seus times, mantendo-os absolutamente alinhados com o propósito. Porque somente esse alinhamento garantirá que, em períodos adversos, não perderemos o senso de direção e poderemos optar por soluções mais pertinentes. Humildade para reconhecer os erros e resiliência para persistir também são importantes, pois nos ajudam a melhorar e a tornar esta experiência positiva. O profissional humilde e resiliente certamente conseguirá ainda influenciar o seu entorno com a clareza da sua estratégia de atuação.

 

9. Como mulher, qual a sua maior dica para ajudar a promover que outras mulheres atinjam cada vez mais cargos de liderança?  

Acreditar no seu potencial, ter coragem e estar disposta a se reinventar. Na minha opinião, esses são os principais atributos que nós mulheres precisamos ter para crescer profissionalmente. Mas também tenho algumas dicas! Em primeiro lugar, é necessário se preparar do ponto de vista intelectual: é preciso ter conhecimento e ser uma pessoa com repertório. O lado emocional é igualmente importante. Seja por meio de coaching, terapia ou qualquer outra ferramenta que proporcione um refúgio para a troca de angústias e dilemas cotidianos, o profissional deve buscar formas de manter-se equilibrado. Há ainda a questão física, de energia. É importante cuidar da saúde, porque a vida de um líder exigirá disposição. Portanto, uma boa alimentação e a prática de exercícios físicos são essenciais.

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