A síndrome de bornout tem ganhado cada vez mais evidência nos dias atuais, isso porque desde que o Brasil mergulhou na crise, diversos colaboradores dentro das empresas, tem se queixado de algum incomodo psicológico ou emocional. O que é esta síndrome e como ela afeta o dia a dia das pessoas? Existe uma explicação sobre como ela começa e se há alguma cura definitiva? Como a pessoa pode saber que está sofrendo desse problema?
A Síndrome de Burnout é um estado de extrema exaustão física, emocional e mental. A principal causa da doença, conhecida também como "Síndrome do Esgotamento Profissional", é justamente o excesso de trabalho, e acomete principalmente profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como médicos, executivos, professores, policiais, enfermeiros, dentre outros. Características de personalidade como a necessidade de estar no controle e perfeccionismo também podem aumentar o risco de burnout.
Muito pior do que a fadiga comum, o esgotamento torna difícil para as pessoas lidarem com o estresse e com as responsabilidades do dia-a-dia. As pessoas que sofrem de burnout muitas vezes adotam uma visão pessimista em relação à vida e sentem-se desesperançosas. O burnout não desaparece sozinho e, se não for tratado, pode levar a doenças físicas e psicológicas graves, como depressão, doenças cardíacas e diabetes
Normalmente ocorrem as seguintes fases:
· Excesso de trabalho / ambição: comum para pessoas que estão iniciando um novo emprego ou realizando uma nova tarefa. A ambição estimula a trabalhar mais.
· Negligencia das próprias necessidades: o profissional começa a sacrificar o autocuidado como dormir, exercitar-se e comer bem.
· Deslocamento de conflito: em vez de reconhecer que está se esforçando ao máximo, o profissional culpa o superior, as exigências do trabalho ou colegas por seus problemas. Em vez de assumir a responsabilidade pelos próprios comportamentos, culpa os outros, vendo-os como incompetentes, preguiçosos e arrogantes.
· Não ter tempo para necessidades não relacionadas ao trabalho: começa a se retirar da família e dos amigos. Convites sociais para festas, filmes e jantares começam a parecer penosos, ao invés de agradáveis.
· Mudanças comportamentais: podem se tornar mais agressivos e impacientes.
· Despersonalização: sente-se separado da sua vida e da capacidade de controlar a sua vida.
· Vazio interior, ansiedade ou depressão. Pode voltar-se para comportamentos como uso de substâncias abusivas, jogos de azar ou comer demais. A vida pode perder significado.
· Por fim, colapso mental ou físico.
O ideal, caso se identifique com algum desses sintomas, é que o profissional procure ajuda médica e de psicoterapia. O médico pode sugerir alguns tratamentos para ajudar a controlar os sintomas enquanto trabalha com a exaustão mental com outras técnicas e terapias. Já o psicoterapeuta, pode fornecer as ferramentas necessárias para lidar com o estresse e trabalhar nesse período difícil.
- Quantos pacientes você já encontrou em consultório que tinham/tem esse tipo de síndrome?
Como além da clinica atuo em um Programa de Medicina Preventiva e gestão de saúde de executivos em uma grande multinacional, é rotineiro atender pacientes com Síndrome de Burnout e até mesmo já com repercussões físicas. Devido ao desgaste pelo estresse é comum esses pacientes evoluírem com queda da imunidade e infecções recorrentes, além de doenças crônicas como hipertensão e diabetes.
Hoje em dia desenvolvemos uma metodologia de atendimento para identificar pessoas mais suscetíveis e já iniciar um trabalho preventivo. Para aqueles que já são diagnosticados com a Síndrome, oferecemos não somente o apoio farmacológico, se necessário, como também orientamos e enfatizamos a importância de mudanças no estilo de vida e no autocuidado.
- Sabemos que para um melhor rendimento no trabalho é preciso ter organização e planejamento, porém, algumas vezes o ambiente de trabalho gera alguns estresses e eventualmente ansiedades (desnecessárias ou não). O que fazer para manter o foco?
O burnout pode ser evitado tornando o autocuidado parte da sua rotina diária. E esse autocuidado vai garantir mais foco e performance durante as horas de trabalho.
Mesmo se você estiver trabalhando por muitas horas, estudando para exames ou cuidando de crianças pequenas, lembre-se de se dar pequenos intervalos. Durante o dia é fácil pular da tela do computador para o telefone e vice-versa. A melhor prática é estabelecer um tempo de trabalho e um tempo de relaxamento. A cada 40 minutos, por exemplo, de um passeio (mesmo que seja um curto para o outro lado do escritório) e de aos seus olhos um pouco de descanso de olhar para uma tela de computador o dia todo.
Exercícios de respiração podem trazer relaxamento e foco de acordo com a técnica empregada. Uma das mais estudadas é a respiração 4-4-4-4, ou seja inspire em 4 segundo, segure 4 segundos, expire em 4 segundos e segure mais 4 segundos. 2 ou 3 minutos dessa respiração pode ter um efeito significativo sobre sua disposição.
Além disso, procure ao menos uma vez durante o dia entrar em contato com a natureza, mesmo que seja numa rua arborizada fora do seu escritório. A ciência mostra que simplesmente olhar para a natureza nos torna melhores solucionadores de problemas e mais criativos.
- Quais são os principais alimentos que contribuem para o melhor rendimento no trabalho?
Para um impulso no rendimento dê preferencia a opções naturais e alimentos. O alecrim é fantástico para a memória, então tomar um chá de alecrim ou usar o óleo essencial dele é um recurso maravilhoso (basta colocar num difusor ou pingar umas gostas entre as palmas das mãos, esfregar uma na outra, e inspirar). A essência da flor de limão ajuda a focar a mente.
No final do dia, o café poderia dar uma ajuda na sensação de queda de energia, mas pode atrapalhar os ritmos naturais e sacrificar uma boa noite de sono. Experimente o chá preto ou o verde no lugar do café se precisar do impulso de um pouco da cafeína após o meio-dia.
- Estes mesmos alimentos são indicados para quem tem as crises ou síndromes causadas pela ansiedade?
Quando se está sob estresse o dia inteiro, é importante ajudar a aliviar esse desgaste mental. Chás como camomila ou hortelã podem ser uma opção calmante. A Ashwaghanda é uma erva adaptogênica que está associada ao alívio do estresse (especificamente sentimentos de nervosismo e exaustão). E o maracujá, na forma de essência, ou em forma de cápsula, ajuda a silenciar a vibração mental e a hiperatividade.
Ademais, mantenha uma dieta balanceada. Uma dieta rica em ômega-3, como óleo de linhaça, nozes e peixes, pode ter um efeito antidepressivo natural.
- O que é mais importante: estar junto de toda a equipe, onde podem surgir conversas e distrações, ou o isolamento se faz necessário para manter o foco nas atividades?
O importante é a pessoa identificar o local em que rende mais e se sinta sob menos pressão. Para algumas pessoas é importante o convívio diário com outros colegas de trabalho. Já outras serão mais produtivas num ambiente isolado. De qualquer modo, é essencial tentar manter uma rotina de autocuidados, como os intervalos frequentes ao longo do dia, a pratica de atividade física e uma boa noite de sono.
- Como a atividade física contribui para melhorar o rendimento?
O estresse pode ser inevitável, mas o esgotamento é evitável. Seguir estas orientações pode ajudá-lo a impedir o desenvolvimento dessa síndrome:
· Exercite-se: o exercício físico não é bom apenas para nossa saúde, mas também pode nos reequilibrar emocionalmente. Não é necessário passar horas na academia para aproveitar esses benefícios. Mini-exercícios e caminhadas curtas são maneiras convenientes de fazer do exercício um hábito diário.
· Pratique bons hábitos de sono:Nossos corpos precisam de tempo para descansar e reiniciar, e é por isso que hábitos saudáveis de sono são essenciais para nosso bem-estar. Evite a cafeína antes de dormir, estabeleça um ritual relaxante na hora de dormir e retire os smartphones do quarto.