Podemos inverter a pergunta do título desse texto: quando é a hora que um investidor se interessa em investir em você?
Isso poderá ajudar na resposta, pois um bom acordo precisa ser interessante para as duas partes.
Se você ainda está iniciando seu negócio a ponto de não ter muitas vendas (ou talvez ainda nenhuma venda), é provável que ainda seja cedo para a entrada de investidores com foco em retorno financeiro. Isso porque é comum que, nesta fase inicial, seja necessário ajustar o modelo de negócios, os produtos, a abordagem... Tudo isso irá custar “sangue, suor e lágrimas” – e mais liberdade de decisão, resulta em mais flexibilidade para testar alternativas, tempo para experimentar e corrigir rotas, e assim terá mais chances de encontrar o caminho.
E quando você encontrar o caminho, ainda vai precisar de um grande esforço para crescer; o que envolve investimento em pessoas, tecnologias, melhoria de processos e capital de giro. Tudo isso se transforma em necessidade de caixa e de injeção de recursos financeiros no seu negócio! Porém, como você já validou o modelo de negócios, no fim do túnel do crescimento, as chances da recompensa são maiores.
Um investidor com foco em retorno financeiro é um bom caminho para te ajudar a passar por esse túnel. Se ele entrar cedo demais, pode ficar impaciente com as tentativas e os erros, e até atrapalhar. Lembre-se que os investidores tratam suas “investidas” como um dos papéis de seu portfólio e, se estiverem muito complicadas ou muito arriscadas, eles preferem “rasgar o papel” do que continuar gastando tempo e dinheiro com ele. Porém, do ponto de vista do outro, esse é seu único papel e você poderá ficar sem suporte quando mais precisa.
Simplifiquei um pouco a lógica da relação entre investidores e investidas, pois essa é uma questão que ouço muito. Percebo que há uma “glamorização” do processo de receber investidores e acho importante trazer outros pontos de vista. São muitos empresários sonhando com esta possibilidade e a realidade é muito mais complexa, já que existem muitos tipos de investidores diferentes. Com a cultura de supervalorização das startups (são lembrados apenas os casos que deram muito certo), receber um investidor pode parecer o troféu pela sua bela jornada, mas a realidade é mais complexa...
Em primeiro lugar, não é tão fácil assim encontrar investidores que tenham match com seu negócio. Em segundo, quando não encontra, você provavelmente já está suficientemente imerso no negócio que sair é uma complicação. Em terceiro, porque quando você acha um investidor, ainda tem que conseguir construir com ele a próxima etapa com sucesso.
Nesse sentido, o ideal é que esse investidor não seja apenas uma “fonte de dinheiro”, mas principalmente um parceiro para compartilhar os riscos do caminho e um “contraponto” para fortalecer as análises das alternativas de rota a cursar. Outro ponto muito importante é estabelecer algumas poucas e claras regras de “convivência”, valorização da empresa, limitações da gestão para prevenir futuros impasses desastrosos para pessoas e negócio.
Para se ter uma ideia, apenas um percentual pequeno das empresas aportadas por fundos “seed” (que investem em empresas ainda em estágio inicial de validação) e venture capital, são lucrativas após um ciclo de quatro ou cinco anos e muitas delas fecham antes desse tempo. Ou seja, mesmo tendo passado pelo funil e pela aprovação de fundos exigentes e profissionais, não é garantia de sucesso.
Portanto, se você conseguiu passar nesse “vestibular super concorrido” do empreendedorismo, tem 5 minutos para comemorar e já pode arregaçar as mangas para trabalhar muito!
E você, empreendedora, o que acha do assunto? Pensa em ter um investidor no seu negócio?