No último artigo explorei duas grandes frentes de oportunidades profissionais que vêm se ampliando no contexto atual do mercado de moda.
Com a pandemia, observamos um avanço de velocidade sem precedentes nas maneiras de trabalhar, vender e atender através de meios digitais. Projetos de desenvolvimento de novos canais e omnichanel que estavam programados para serem implementados nos próximos anos foram tirados do papel em meses. E, é claro, vai ter muita aresta para aparar nos próximos tempos e muitas oportunidades para profissionais que se encaixem nas novas demandas.
Neste artigo vamos destacar mais três frentes de demanda de profissionais qualificados – fique de olho pois você pode ser um deles!
Capacitação em Atendimento Multicanais
Durante 2020 vimos uma corrida das marcas para criar boas redes de atendimento por WhatsApp, mas isso aconteceu de forma diferente de empresa para empresa.
Os maiores criaram centrais de atendimento, mas muitas empresas (em especial as pequenas), precisaram utilizar sua própria rede de vendedores para realizar esse atendimento online. Mas nem todos tinham a mesma habilidade para vender através de mensagens quanto para vender presencialmente.
Essa lacuna ora estava ligada à própria capacidade de escrever perfeitamente (um bom português), como ao próprio “script” do atendimento. Surge, então, uma nova necessidade: criação de padrões e treinamentos de vendas para atendimento por mensagem.
Além disso, também houve o aumento da demanda por sistemas que integram as informações do estoque disponível e do perfil do cliente (algo entre os CRMs e os sistemas de gestão), com os aplicativos de mensagens, de forma a facilitar que o vendedor ofereça os produtos certos para os clientes certos na hora da troca de mensagens.
Quem trabalha no mercado de moda sabe quantas são as opções de modelos, cores e tamanhos... por isso, pode imaginar o tempo que demora para um vendedor ir manualmente ao estoque ou digitar no sistema, cada opção para verificar se o produto que o cliente quer está disponível!
Gestor de Produtos com Base em Dados
A criatividade e a intuição não devem ser inimigas da capacidade analítica – pelo menos não mais!
No imaginário coletivo, o estilista é uma entidade um tanto exótica que percorre ambientes artsy, cool e cults e traz inspirações para um estúdio bagunçado com muitos pedaços de pano, cartelas de cores e papel espalhado por todo canto. Magicamente, desta “caixa preta criativa”, saem croquis de modelos que irão compor coleções para passarelas, vitrines e, finalmente, para o seu guarda-roupas.
Talvez isso represente algo próximo a 1% da realidade, porque, de fato, há uma fase do processo parecida com essa descrição para alguns profissionais que já conquistaram uma posição para ter mais liberdade criativa. Mesmo assim, em geral, é um processo aplicado de maneira mais proeminente em linhas de produto específicas e não na grande maioria dos produtos lançados por uma marca.
Mas, para a grande maioria dos estilistas e gestores de produto, boa parte do tempo do trabalho envolve definir modelos que funcionem dentro de um contexto de marca e de mercado. E cada vez mais se espera que este trabalho seja baseado também em dados.
O complexo disso tudo é que é necessário cruzar dados de características de produtos (como categorias, linhas, materiais, etc), dados de histórico de vendas para os canais previamente existentes, dados de pesquisas e dados coletados nas redes sociais. Além disso, ainda combinar estas informações todas com a estratégia da empresa, que pode envolver mudanças. Por exemplo, abrir um novo canal pode exigir adaptações nas linhas de produtos!
Dá pra sentir a complexidade? Enquanto isso, o mercado de moda suplica por profissionais com a habilidade criativa e combiná-la com capacidade de análise de dados.
Inteligência Logística para Omnicanalidade
Logística sempre foi um “Calcanhar de Aquiles” no mercado de moda e não é difícil explicar o motivo:
- por um lado, o sistema de suprimentos é bem fragmentado já que as peças costumam ser produzidas em muitas fábricas diferentes espalhadas não só pelo Brasil, mas pelo mundo todo, principalmente por conta da necessidade de especialização (peças diferentes exigem máquinas e capacitações diferentes) e pela sazonalidade.
- por outro lado, a distribuição de moda também envolve muitos canais, como varejo próprio, atacado, franquias, loja própria online, marketplaces e por aí vai...
Isso sem contar que a moda é um mercado no qual há uma grande frequência de lançamentos de produtos, muitos dos quais ficarão “obsoletos” em poucos meses e serão substituídos na próxima coleção.
Agora adicione uma “pitadinha” de pimenta neste cenário: com o avanço do conceito de Omnichannel, cresceu o desejo de integrar os estoques de diferentes canais para oferecer ao cliente mais chances de conseguir seu produto, mesmo que ele esteja em outra loja.
Deu para sentir o drama, né? Grandes empresas de moda têm buscado os melhores profissionais de logística de todos os setores e, mesmo assim, os desafios são gigantescos. Por isso, se você curte esta área, aprofunde-se! Precisamos construir uma bonita ponte entre as áreas de logística e de moda pois o futuro dependerá dela!
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Concluindo, sempre que o mercado se movimenta com crises, abrem também novos espaços. Não é simples, exige estudo, dedicação, muita persistência e paciência... Mas, estou certa de que surgirão muitas oportunidades para quem realmente estiver disposto a se aprofundar nessas frentes!