Mercado de trabalho e a manutenção do racismo por Monique Machado
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Mercado de trabalho e a manutenção do racismo por Monique Machado

   Já parou para pensar porque nos ambientes em que você frequenta têm poucas pessoas negras? Quando abrimos o leque e focamos em relação ao mercado de trabalho, quantas pessoas negras ocupam cargo de chefia ou fazem parte da sua equipe ou até mesmo possuem seu próprio empreendimento? É importante fazer essa análise sobre diversos contextos para que seja possível compreender em que sociedade vivemos e principalmente pensando que possibilidades ela proporciona, principalmente se elas são iguais para todos.

 

   Infelizmente é mostrado que todo mundo tem os mesmos acessos e oportunidades, e essa falsa percepção faz com que muitas pessoas não consigam observar as diferenças. O foco dessa pauta é causar questionamentos e observar qual é a relevância do nosso papel, principalmente quando a nossa pele for do tom que mais possui acessos e oportunidades. Só assim é possível  modificar uma realidade tão desigual que há muito tempo tem fechado portas para grandes talentos devido a etnia que possuem.

 

   A história do Brasil foi construída por desigualdades sociais: foram 500 anos de escravidão, cujos reflexos ainda permeiam a estrutura social. As pessoas negras enfrentam grandes dificuldade em suas carreiras, além de não ocuparem altos cargos profissionais. Ocorre também a discriminação salarial, onde esse grupo muitas vezes em ambientes trabalhistas recebe menos, dando a ideia que o trabalho feito por esse nicho - que de nicho não tem nada, afinal, mais de 50% da população brasileira é negra - é inferior. Outro item que influencia esse apagamento é o preconceito pela imagem, na qual pigmento de pele e formato de cabelo são alvos de preconceito, negando a pessoas que possuem esses traços diversas oportunidades de trabalho. Ocorre também uma emblemática em relação a questões de gênero, onde diversas pesquisas comprovam que mulheres negras recebem, em média, 50% a menos em relação ao salário de homens brancos.

 

  Esses preconceitos e privilégios implícitos criam um verdadeiro abismo que está cristalizado na sociedade. Isso tem  a ver com o  racismo estrutural que está internalizado em nossos comportamentos, que é um termo utilizado para denominar  práticas históricas de uma sociedade que frequentemente coloca um grupo étnico em uma posição de mais credibilidade e ao mesmo tempo exclui outro grupo causando essas diferenças.

 

 Por esse motivo é importante ter conhecimento sobre os fatos, assim proporcionando a equidade no mercado de trabalho por exemplo. Somente quando houver representatividade numérica e condizente com os dados que envolvem raça e gênero, tal como se representa na sociedade, iremos conseguir chegar num objetivo em comum e vamos ver empreendedoras e chefes negros.

 

 

Monique Machado

Psicóloga Clínica e Social

CRP: 07/32375

 

Foto: Jalan and Jibril Durimel 

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