Talvez você já tenha ouvido falar no termo gamificação, ou até mesmo visto algo sobre o conceito dessa técnica de marketing, que nada mais é do que usar dos elementos da tecnologia dos videogames para incentivar o engajamento do usuário em um produto ou serviço.
Essa estratégia não é novidade no mercado e vem sendo utilizada por diversas marcas de luxo, principalmente no último ano, devido à ausência de eventos presenciais durante a pandemia. As tradicionais semanas de moda perderam o protagonismo sem os grandes eventos e desfiles, obrigando as grifes de luxo a se reinventarem, criando novas maneiras de unificar a experiência de compra com diversão e entretenimento.
É verdade que há tempos a indústria da moda se sente à vontade no mundo digital, mas começamos a ver ainda mais avanços nessa área quando, por exemplo, a Tommy Hilfinger trouxe, em uma coleção de streetwear, etiquetas capazes de monitorar a frequência de uso da peça. Entretanto, o que vimos nos últimos tempos é um passo à frente, com experimentos de realidade virtual e muitas outras novas táticas.
As marcas de moda e designers descobriram a eficácia dessa estratégia e estão entrando no território dos games, com coleções sendo lançadas virtualmente como jogos interativos, e peças em edição limitada disponíveis apenas para avatares. Mas a principal pergunta que fazemos para esse mercado é: por que essas roupas, que nem podemos usar no mundo real, são tão desejáveis? Bem, podemos atribuir a resposta dessa questão a alguns fatores, como a ideia de sustentabilidade e a mudança de público.
Quando a Gucci anunciou, no final de abril, o lançamento de um tênis virtual, uma grande discussão se espalhou pelas redes sociais e muitos se questionaram justamente sobre a razão de comprar um calçado que só serviria apenas no mundo virtual.
Uma dos motivos é a questão ecológica, já que só no Brasil, a indústria têxtil produz cerca de 175 mil toneladas de resíduos. Essa seria uma saída para aquela roupa que foi comprada, mas que por algum motivo não foi usada - e quem confirma essa teoria é a Expert do Futuro, Mariana Santiloni, da WGSN, empresa líder em tendências de comportamento e consumo em entrevista para o Steal The Look: “um lado da vantagem exposta por muitas pessoas é a diminuição na produção de lixo, já que muitos consomem peças apenas para tirar foto”.
Outro ponto a ser destacado por ela é a liberdade que as criações virtuais dão aos designers. A The Fabricant, marca especializada em vestes e avatares, leiloou uma coleção inteira em 2019 e, segundo Mariana, o sucesso da a ação ilustra a crescente relação do metaverso e a moda digital, que continuará a crescer conforme novas ferramentas vão se tornando disponíveis para aumentar o potencial criativo dos profissionais de design.
O que nos leva ao consumo das novas gerações, visto que o futuro do mercado é a geração Z. Muito se fala sobre quem são esses jovens que estão ditando os caminhos das marcas, mas como realmente entendê-los? Como conseguir criar um diálogo com eles?
O primeiro passo é compreender que os “gen Z” não veem as peças de vestuário como funcionais, mas como forma de expressão e conexão com grupos sociais. E visto que eles se conectam com o mundo virtualmente, ter a roupa no armário físico deixa de ser uma prioridade. Sendo assim, a linha que divide o virtual do palpável se dissipa, e em tempos de pandemia, no qual temos a necessidade de estar em isolamento social, essa divisão passa a ser cada vez menos perceptível, já que a nossa presença se resume ao online.
E com o aumento da necessidade da indústria da moda de explorar ainda mais os conteúdos digitais para conseguir levar suas coleções a um público maior, as experiências de realidade aumentada e virtual também cresceram, permitindo que essa indústria, em 2021, possa florescer mais uma vez.
Por isso, é importante se manter atualizado sobre esses movimentos que envolvem tecnologia, já que o conceito de gamificação está implantado das mais diversas formas no mercado de moda, e existem diversos caminhos para adotar a estratégia em uma marca. Um exemplo? Criando ações com um boa história por trás, incentivando a competitividade e oferecendo recompensas ao usuário.