Quando questionada pelo PUSH sobre o início do seu trabalho, Sarah Caires, a artista sul mato-grossense de 25 anos que faz esculturas a partir do papel machê, foi clara e prática: “Eu sentia que eu tinha alguma coisa criativa dentro de mim que eu precisava explorar”.
Por influência de seu pai, pintor, Sarah começou no mundo artístico ainda em Campo Grande (MS) fazendo aulas de pintura e projetando em si mesma o que a figura paterna fazia. “Ele sempre pintou realismo, e eu nunca consegui chegar lá. Isso me frustrava um pouco”, conta. E foi exatamente aí que ela teve o start de correr por si mesma: “Eu percebi que eu não era meu pai. E eu já tinha facilidade com desenho, então só precisava entender o que eu queria”.
Ao ingressar na faculdade de Artes Visuais, na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), a artista descobriu diversas outras formas de fazer arte: fotografia, audiovisual, escultura, cultura, grafismo, etc. E ao longo do curso, ela percebeu um acúmulo de material (isopor, caixa, papelão, papel machê, etc) e se desafiou: “Vou testar outras técnicas”. Nesse meio tempo, Sarah fez o seu primeiro curso de papietagem (que consiste em colar tiras de papel com cola caseira e ir moldando) e se encontrou completamente.
“Engraçado que foi um caminho inteiro de 4 anos. Me apaixonei, fui fazendo mais cursos, dei alguns cursos para outras pessoas – e inclusive acho que, ensinando, aprendemos ainda mais”, conta Sarah Caires.
A primeira exposição foi uma queda de paraquedas: “Fui convidada pela dona de um café lá de Campo Grande (que também era pintora) para expor no estabelecimento. Ela pediu para eu expor quadros, mas como quem não quer nada, levei algumas esculturas e isso foi me dando uma visibilidade bem bacana”, declara.
Sarah explica que sempre teve muito apoio dos seus pais nessa empreitada artística. Ao sair da faculdade, seus pais lhe deram um espaço para morar sozinha, trabalhar, explorar e criar o que quisesse. “Me sinto muito privilegiada nesse sentido. Meus pais me apoiaram emocionalmente e também me deram um espaço”, comenta. “Depois de 4 meses morando lá, consegui pagar as contas e pensei ah, está dando tudo certo! Pelo menos o trabalho está pagando a água, luz, internet e eu estou comendo! (risos)”
“Eu decidi, dentro de mim, que eu queria fazer isso. Queria trabalhar com arte independentemente se isso me desse retorno financeiro ou não. Minha realização pessoal sempre esteve em primeiro lugar. E eu sei que quando nós acreditamos em algo, chamamos uma energia para as coisas acontecerem. E deu certo desde o início”.
A mudança de Campo Grande para São Paulo não foi do dia para a noite. Segundo Sarah, essa decisão demorou cerca de 10 meses de idas e vindas e pontes aéreas entre SP e o Mato Grosso do Sul. “Sabe quando você sente que precisa de mais? Eu estava consolidada em Campo Grande, mas pensei onde eu posso ir a partir daqui? e tomei a decisão de mudar”, explica.
A mudança e novos ares despertaram em Sarah a vontade de expandir: “Eu criei um canal no Youtube há 1 ano e quero crescer com isso. Mais para frente, quero lançar cursos online para outros artistas e também para o público infantil que eu sempre gostei muito”, finaliza.