Você já se questionou de onde surgem as tendências que aparecem nas vitrines e nas redes sociais?
Bom, saiba que grande parte delas está vindo do outro lado do mundo, mais especificamente da Ásia. Afinal, não é surpresa que o maior continente do mundo, em questão de tamanho, conseguisse se desenvolver tão drasticamente nos últimos 30 anos no quesito mercado, principalmente no de moda.
Essa já era uma expansão prevista pelo mercado, segundo dados da consultoria Euromonitor. Desde 2008, as vendas do setor começaram a crescer, chegando ao faturamento 383 bilhões de dólares - um valor razoável, visto que a previsão para as vendas de vestuário devessem chegar a 2,4 trilhões de dólares em 2018.
E mesmo que não tenhamos como saber se a previsão se concretizou, um dos desenvolvimentos mais expressivos das últimas três décadas foi a ascensão de um consumo crescente na Ásia e de sua presença global na economia, talentos e inovação. A expectativa é que nos próximos anos, o continente asiático deixe de ser simples participante do mercado e passe a determinar a forma e direção dele.
De acordo com pesquisas da Mckinsen Global Institute, a Ásia irá alavancar 40% do consumo mundial até o ano de 2040 e essa perspectiva futura reflete muito do que estamos vivendo hoje, visto que mesmo com a retenção vivida pelo mercado de moda nos últimos anos, a China e outros países de continente seguiram investindo em moda, mais especificamente nas pequenas lojas com multimarcas de luxo.
E analisando todos esses números e previsões para o mundo da moda, atribuímos eles a dois fatores principais: o surgimento de novos talentos orientais no ocidente e a ascensão do k-pop no mundo inteiro.
O caminho de moda no ocidente criada pelos talentos orientais
Foi nos anos 70 que o mundo começou entender o quão revolucionária seria a visão dos estilistas asiáticos se materializada nas passarelas. O percursor foi o designer Kansai Yamamoto - o primeiro designer japonês a estrear uma coleção em Londres. Com um estilo marcante de fazer moda, ele desafiou as barreiras de gênero, chamando a atenção de artistas como David Bowie.
Além dele, tivemos o japonês Yohji Yamamoto, fazendo história ao apresentar uma coleção pela primeira vez em Paris, no ano de 1981, acompanhado de Rei Kawakubo e Issey Miyake - designer que trabalhou por anos na famosa Givenchy.
O conceito do desfile, que a princípio não foi entendido por quem estava assistindo, mais tarde foi aplaudido, fazendo de Y. Yamamoto um dos principais nomes quando falamos sobre moda asiática. Foram nomes como os dos profissionais citados acima que abriram caminhos para que outros talentos também conseguissem se consolidar na indústria.
E passando para os tempos atuais, é possível perceber que o futuro da moda não é somente oriental, mas também feminino. Designers como Masha Ma, Minju Kim e Kathleen Kye, são nomes que representam bem a geração de profissionais que criam as tendências que chegam às lojas e, mais de que isso, trazendo a ideia de moda como identidade, não somente personalidade.
Esse é o movimento que as empresas veem com grande potencial e um bom exemplo é China, país que passa atualmente por uma crescente no número de pessoas, em maioria da Geração Z, alcançando a classe média e mudando os hábitos de consumo.
Em uma entrevista publicada recentemente pela Vogue Business, a sócia da Bain & Company, Claudia D'Arpizio, diz que o consumidor está procurando algo que não seja outra peça de roupa. Essa frase representa exatamente como os profissionais de design de moda estão se movimentando para criar peças que sejam parte do que os consumidores são, e entender isso está dimensionando a indústria para um caminho muito mais original e lucrativo.
A geração K-Influencers
E já que o assunto é originalidade, não podemos questionar que nos últimos anos - assim como toda a cultura oriental - o gênero musical k-pop sofreu um “boom”, se espalhando por todo o mundo. Só no Brasil, segundo o Spotify, já somos o quinto país que mais consome músicas desse tipo entre os 92 mercados que a plataforma atua.
E quando falamos de k-pop, apesar de o gênero ter nascido na Coreia do Sul, não estamos especificando somente a influência desse país, mas sim, apresentando como exemplo um estilo que se popularizou mundialmente. O nicho musical se expandiu para artistas de outros países da Ásia e temos a Lisa, integrante do grupo Blackpink e natural de Bangkok, na Tailândia, como um ótimo exemplo desse fenômeno.
Mas o que moda tem a ver com isso? Ela é um ótimo exemplo de como a influência da cultura asiática chegou ao mercado de moda ocidental, porque a integrante do grupo de k-pop conquistou o título de embaixadora de uma das maiores marcas do mercado, a francesa Celine. Além de também ser uma super influência digital com mais de 50 milhões de seguidores no Instagram, se fazendo presente nas plataformas de streamings, nas semanas de moda, nas redes sociais e campanhas publicitárias.
A realidade é que a estratégia de conquistar ainda mais espaço no mercado de moda por meio do talento e criatividade esta levando os países do Leste e da Ásia Oriental ao protagonismo.
E vale ressaltar que esses números são apenas o reflexo do conjunto de ações politicas, econômicas e sociais, que nos mostra uma perspectiva sobre os rumos do mercado.