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PUSH - 3 pontos-chave para montar um portfólio de moda para o exterior
3 pontos-chave para montar um portfólio de moda para o exterior
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3 pontos-chave para montar um portfólio de moda para o exterior

Decidir estudar e seguir uma carreira de moda fora do Brasil não foram processos lineares para mim. Tive de aprender a lidar com a transição de metodologia criativa, a entender que haveriam exigências diferentes para vagas similares e diferenciar entre aquilo que era preciso abandonar, o que era preciso adaptar, e o que era preciso aprender. A maior mudança em relação a como me preparar para uma vaga no exterior foi em relação a um dos critérios seletivos para cursos de pós graduação e mestrado que me interessavam - o principal item: o portfólio. 

Todo criativo sabe que um bom portfólio é um item indispensável para uma vaga de trabalho concorrida. Mas saber o que incluir neste arquivo e como apresentá-lo nem sempre são tarefas tão simples. Passei longos meses preparando aquele primeiro portfólio que enviei para uma vaga na Central Saint Martins, em Londres. Hoje, com a experiência que adquiri, consigo preparar um bom portfólio em alguns dias quando o projeto em questão está no final. Após anos mudando, adaptando, melhorando meu portfólio e tendo visto centenas de outros trabalhos bem sucedidos de excelentes designers de perto, consigo identificar 3 pontos-chave essenciais para quem está pensando em seguir uma vaga para estudar moda no Reino Unido e Europa.

 

_pesquisa

Engana-se quem pensa que um portfólio para uma vaga no exterior deve seguir o mesmo formato ao qual estamos acostumados no Brasil. Como se tratam de indústrias e objetivos muito diferentes, a fórmula painel imagético/ mood + painéis de referência de moda + Pantones + croquis/ desenhos à mão + desenho técnico tende a não funcionar. 

As universidades e empregadores na Europa exigem um olhar sensível para pesquisa, a qual pode se traduzir em imagens de livros, fotos de arquivos pessoais, revistas, arquivos de museu, peças históricas, fotografias próprias… A pesquisa tem a função principal de INFORMAR o seu processo criativo. Ela precisa alimentar as suas ideias e precisa ser original o suficiente para que o processo advindo dela seja, também, original. Não se prenda a mapas mentais, brainstorming, texto - eles podem ajudar o seu processo, mas no seu portfólio o mais importante é ser visual, ter consistência no tema ou na história que você deseja contar, e trazer dezenas de referências de fontes interessantes. Fuja do Pinterest (expliquei melhor sobre isso no post anterior).

É da sua pesquisa que virão a sua escolha de tecidos, silhueta, detalhes de design, cores. Você pode, inclusive, ter uma pesquisa para cada um desses aspectos, contanto que consiga amarrar todas em um fio condutor. 

 

_processo

Após demonstrar um bom olho para pesquisa, você deve mostrar o seu processo criativo. Este é o corpo do seu portfólio e deve ser a parte que toma mais páginas e mais conteúdo. É aqui que você demonstra sua habilidade em manipular tecidos, criar formas no manequim, fazer testes rápidos, amostras de detalhes, explorações e variações de ideias - tanto em 2d quanto em 3d, isso tudo através de fotos, colagens, desenhos rápidos e amostras. Pense nesta etapa como uma seleção das melhores páginas do seu sketchbook.

Esta é a principal diferença entre os portfólios de moda aos quais eu estava acostumada quando estava no Brasil, se comparados aos que vejo por aqui. Novamente, por serem indústrias diferentes, as exigências são diferentes - não existe um método melhor ou pior, mas se o seu foco for voltado para vagas no exterior, não inclua somente referências + croquis + produto final. Há uma variedade de métodos criativos a serem explorados além do desenho. 

Dentro do processo, você também precisa incluir fittings: as provas de roupa. Precisa demonstrar a evolução de uma peça, desde sua primeira versão até a versão final, passando por todas as alterações que notou necessárias após ter feito a prova. Muitas vezes, é durante as provas que as maiores decisões de design são tomadas - o que pode mudar completamente a cara da sua coleção - portanto não esqueça de incluí-las.

 

_identidade

Esta parte é a mais subjetiva e também a mais gostosa de resolver: a identidade do trabalho funciona quase como um branding pessoal. Sua escolha de layout, papel (se estamos falando de trabalhos impressos), tipo e tamanho da fonte, cores, a linguagem visual das fotos, tudo importa! É através da consistência dessas escolhas que o entrevistador irá entender a sua estética e algumas nuances da sua criatividade. 

Se pensarmos nas fotos, por exemplo. Como você tira as suas fotos? Quem é a sua modelo? Como ela posa? Qual o ângulo das fotos? São fotos de iPhone, polaroids, digitais com flash? O que está no fundo? Você imprime as fotos em alta qualidade, com margem, sem? Ou imprime em preto e branco de maneira simples, pra desenhar por cima? 

A identidade do trabalho deve vir de maneira natural, portanto não faça nada que pareça forçado ou que não reflita quem você é como designer. 

 

Dica bônus:

Se você busca uma vaga em um curso, pesquise por ex-alunos das instituições que te interessam! Muitas vezes, esses alunos tendem a postar fotos de seus portfolios ou de seus trabalhos no Instagram, por outras, esses alunos acabam por fundar suas próprias marcas e continuam dividindo fotos de pesquisa e processo. Esta é uma forma de entender como outras pessoas trabalham - o que pode te ajudar a abrir um leque de possibilidades. 

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